segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Biscoitos saudáveis para bebés

Biscoitos para bebé



Se procura uma receita de biscoitos saudáveis para bebé, estes são a escolha perfeita! 

Rápidos e fáceis de fazer, só com ingredientes saudáveis.


Ingredientes:

2 - bananas (maduras) 

1 - maçã ralada 

2 - chávenas aveia (mal cheias)

um fio azeite


Modo de Preparo:

- Pré-aqueça o forno a 180ºC.

- Comece por descascar e triturar a maçã e banana;

- Adicione a aveia e o fio de azeite.

 Mexa bem.

Coloque sobre papel vegetal num tabuleiro e leve ao forno cerca de 8 a 10 minutos, ou até atingir a consistência desejada

Faça biscoitos (mais altos) ou bolachinhas (mais rasas), como preferir.


Bom apetite!!!

terça-feira, 23 de maio de 2023

Crianarte Atelier by Criana

Olá maltinha,

Hoje trazemos mais uma novidade!!! A Crianarte, na verdade a Crianarte não é recente, já existe desde 2017.


Desde muito cedo que me lembro de criar, aos serões via a minha avó na máquina da costura e pedia-lhe para me ensinar a costurar, bordar, o crochê. E no meio da vida tão atarefada que tem ainda hoje me transmite os seus conhecimentos.

O meu avô foi marceneiro, mas era um autêntico criativo, criava o que fosse preciso, na sua pequena oficina situada em Ribafria, uma pacata aldeia no concelho de Alenquer.

O meu pai também seguiu as suas pegadas, e fazia o que fosse necessário fazer, apesar de ter tirado um curso de eletricista.

Eu, na minha pequena infância, passada na tal oficina, que também era drogaria, mercenária, escritório, cozinha, sala, numa só casinha com cerca de 40m2, onde muitas vezes as refeições eram interrompidas para atender um cliente, via os meus avós a criarem, fui buscar um pouco dessa minha ancestralidade. 


Sou autodidata, gosto de criar, e cada vez mais tento reutilizar materiais e dar utilidade as peças.

Muitas dos minhas ofertas de aniversário e de Natal eram e ainda são feitas por mim.

Desde que comecei a construir com o Christophe a Casa Criana, coloquei essa minha criatividade toda na casa e um pouco de parte esse meu hobby.

Quando engravidei da pequena Isaura, tive que abrandar e passava muitas tardes a criar com ela (chocalhos, macacões, mobile), os enfeites de Natal.

A maternidade trouxe-me ainda mais a vontade de criar e partilhar, e assim surgiu o atelier Crianarte, com o objetivo de criar e partilhar as nossas criações.

Iremos também convidar outros para partilharem o seu conhecimento connosco através de aulas, workshops, oficinas, playgroups.

A tiny house que nos acolheu durante dois anos e meio está agora a ser reformulada pelo pai Christophe para o nosso atelier.

Segue o nosso trabalho aqui:

Crianarte

"Criatividade é inventar, experimentar, crescer, correr riscos, quebrar regras, cometer erros, e se divertir." 

Mary Lou Cook





Geotintas

 


Já ouviste falar de geotinta? É isso mesmo que o nome sugere: a tinta que vem da terra.

É uma técnica milenar, que nossos ancestrais utilizavam,  ainda que pareça novidade, o uso dos pigmentos da terra como material de pintura. 

Para fazer a tinta de terra é necessário conhecer primeiramente um pouco sobre a sua composição. O solo é composto por três tipos de grãos: a argila, o silte e a areia; os quais se diferenciam pela granulometria (tamanho do grão).

A tinta pode ser utilizada em papel, cartão, pedra, paredes, madeiras, entre outras superfícies. 



A utilização das tintas naturais, principalmente à base de terra, tem algumas vantagens tais como: 

- Não têm COVs (Compostos Orgânicos Voláteis), 

- É mais sustentável e menos poluente,

- Permite que a parede “respire” e controla a humidade do ambiente,

- Possui ingredientes econômicos.

Para a Casa Criana queríamos usar geotintas, então comecei a pesquisar "receitas" e encontrei diversas, com alguns ingredientes diferentes.

Nós optamos por experimentar apenas com cola branca e óleo de linhaça. As quantidades de cada um destes ingredientes, vão variar de argila para argila, pois cada argila é diferente em termos de grão.

A nossa recomendação é testarem antes de aplicarem na superfície final.

Vais experimentar?

segunda-feira, 8 de maio de 2023

O Nosso Querido Diário, de mãe para filha 💚

Filha, hoje festejamos o teu terceiro mês de vida extra uterino, o quarto trimestre.

Tem sido meses que parecem anos, o quanto intensos e desafiantes que tem sido. 
Criei um diário para partilhar contigo os nossos dias, as nossas conquistas e descobertas, as nossas aprendizagens. 



"O Nosso Querido Diário, de mãe para filha" foi criado com elementos da Natureza, utilização lã e cartão, podemos ir acrescentando folhas, fotos, elementos da Natureza o que a nossa imaginação quiser mas sobretudo foi criado com muito amor.

Para mim é uma terapia poder partilhar contigo os nossos dias desta nossa evolução, como seres neste mundo.

A Beleza das coisas está na simplicidade estamos a cria momentos únicos e memórias.

Partilho contigo um vídeo que fiz para mostrar o quão simples é criar com amor 💚
Partilha essa criação com uma criança, ela vai adorar poder criar um diário, caderno, herbário o que a vossa imaginação quiser.


O que achaste desta ideia?

"O Amor reside na simplicidade"

De mãe para filha 💚

domingo, 7 de maio de 2023

Ser mãe....

Ser mãe tem sido o meu maior desafio nesta crise civilizacional que reina no mundo actualmente.


"A mãe é a primeira mostra de humanidade que a criança recebe."

Obrigada pequena Isaura 💚 por fazeres de mim tua mãe...

sexta-feira, 5 de maio de 2023

Há 5 anos dizemos Sim...

Há 5 anos atrás dávamos a conhecer o nosso projeto de vida o Projeto Criana, projeto que nasceu no final desse ano,  agora é alimentar e cuidar dele para que um dia os nossos filhos possam deitar a sombra das árvores, nos dias de tanto calor aqui pelo casal, e possam comer aquilo que semearam, criaram e cuidaram 💚



Porque a Terra não é uma herança dos nossos pais mas sim um empréstimo dos nossos filhos.

Partilhamos um pouco esse dia aqui:

Casamento Criana






"Somos aquilo que Criamos"

Christophe & Ana & Isaura 💚

 


sexta-feira, 14 de abril de 2023

Processo da Bioconstrução A Casa Criana - Projeto de Arquitetura

Conseguido o arquiteto que nos iria ajudar, avançamos logo para o projeto de arquitetura.


Após algumas reuniões para explicarmos a nossa ideia, e debatermos as possibilidades de execução, surgiu o primeiro desenho.



Recordo-me que quando abrimos o e-mail e vimos o desenho, ficamos em silêncio durante alguns minutos a observar. Não era bem o que tínhamos idealizado, iria criar um impacto visual maior do que estava idealizado.
Foi então que surgiu a ideia de aproveitar o declive do terreno e "esconder" o máximo possível a casa.

Foi ia que chegou-se ao projeto final, tendo-se conseguido inserir a casa na paisagem e futuramente ser parte integrante da mesma com impacto visual e ambiental muito reduzido ou mesmo dele regenerador.

No esboço da planta interior, foi tida em atenção todo o gasto em materiais, a casa de banho e a cozinha fazem paredes meias, conseguindo assim poupar em canalizações e futuramente em água, designada por zona húmida. O corredor foi encurtado para que esse espaço pudesse ser aproveitado para colocar dois roupeiros (divisão de arrumos e quarto), respeitando sempre as áreas, as medidas mínimas exigidas por lei e a percentagem de iluminação de cada divisão.

E assim chegamos ao projeto de arquitetura, com o mesmo já podíamos avançar para a próxima etapa: Entrada na Câmara Municipal do projeto de arquitetura para aprovação.


"Uma boa arquitetura nada mais é que um projeto que atenda as necessidades do cliente, de acordo com a região em que está inserido, através do conforto ambiental visando o menor impacto à Natureza" 💚


quinta-feira, 13 de abril de 2023

Relato do parto da Isaura (III - o nascimento)

Lá fomos para a sala de partos...
A enfermeira tinha-me questionado se conseguiria ir pelo meu próprio pé, achei que entre contrações conseguiria, e consegui mas assim que chegamos a cadeira de partos deu-me uma daquelas bem fortes, e pensei que iria nascer ali! Respirei bem fundo e lá consegui subir para a cadeira.

Já na cadeira enquanto me posicionava a enfermeira ia-me explicando como poderia fazer para ajudar o bebé a nascer. 
Recordo-me que a sala estava bastante quente para receber os bebés mas fiquei por momentos preocupada com o pai Christophe, pois já não bastava a roupa também estava de bata, mas ele tranquilizou-me dizendo que estava tudo bem e se fosse necessário iria apanhar um pouco de ar antes de desmaiar.

Entretanto chegou outra enfermeira, uma auxiliar e dois obstetras.
Perguntaram se seria uma menina ou menino e como não sabíamos houve tempo para apostas.
Quando vinha uma contração o obstetra ajudava-me com as respirações e quando deveria fazer força, mas a dor a certa altura era tanta que fazia tudo ao contrário do que me diziam para fazer e então o bebé recolhia.
O médico veio colocar-se ao meu lado e ajudou-me fazendo com que o bebé não recuasse, a certo ponto a enfermeira perguntou se podia fazer episiotomia (pois tinha colocado no plano de partos que só em último caso), disse que sim, pois iria ajudar/acelerar que aquela dor terminasse.
Assim que o fez, o bebé nasceu e a sala de partos ficou em silêncio no suspense para saber se era uma menina ou menino.
Quando a parteira diz que era uma linda menina... A Isaura 💚 
Eram 21h21m...

Assim que possível colocaram-me a Isaura no meu peito para fazer pele com pele enquanto me cosiam, lembro-me daquela sensação maravilhosa de a receber no meu peito e a abraçar.

Mais tarde pediram-me se a podiam pesar e vestir e já a colocavam novamente para ela mamar e assim foi.
Após isso, lá fomos nós para o quarto descansar.

Foi um momento de expulsão bastante intenso e regenerador, ali nasceu não só um bebé, como também uma mãe, nunca mais nada será como antes.

 
Como pais iremos ensinar a caminhar neste mundo, mostrando que somos aquilo que Criamos. 💚

segunda-feira, 10 de abril de 2023

Processo da Bioconstrução A Casa Criana - Em busca de um Bio Arquiteto

Assim que soubemos que era viável e executável a nossa ideia de construir com materiais locais e sustentáveis, passamos para a etapa seguinte: Encontrar um bio arquiteto



Na altura, já não me recordo como, mas muito possivelmente atraves das nossas pesquisas, encontramos o livro "Manual do Arquitecto Descalço" que nos ajudou a mudar a nossa visão sobre a construção com Terra. Nele, o seu autor Sr. Johan Van Lenger descreve a Bio arquitectura de uma forma muito sucinta: A Bio arquitectura, “Trata-se de um novo conceito que surgiu há algumas décadas como objetivo de de unir ecologia, arquitetura e urbanismo rumo a uma maior sustentabilidade ecológica”.”...procura integrar o homem no seu meio, respeitando e explorando a natureza em toda a sua plenitude e riqueza, ensinando técnicas que ajudam a melhorar a vida, transformando cada homem no “arquiteto” da sua habitação” “..um modo mais digno de habitar o mundo.”


A internet foi o meio de busca por um bio arquitecto, na altura ainda não tínhamos a rede de contacto que temos hoje, penso que nos teria facilitado. Elaborei uma lista de emails dos possíveis arquitectos que encontrei. 

Redigi um email com o resumo do que pretendíamos e aguardei a resposta.

"Pretendemos uma construção mais ecológica e alternativa possível, recorrendo a uns dos tipos de eco-construção (Adobe, superadobe, cobtaipa, etc) dentro da legislação possível e o mais barato, sempre que possível com recurso à matéria prima existente.
Pretendemos uma habitação entre 80 a 100 m2 onde conste 3 quartos, uma casa de banho, dispensa, sala e kitchenette (amplas). Acabamento natural em barro, telhado verde e como o terreno é inclinado, também podemos ponderar, se possível alguma parte da casa enterrada."

Era apenas uma ideia, mas o resultado final não foi muito diferente.

Após uma resposta positiva do outro lado, pedimos orçamentos.
Precisávamos de um bio arquiteto para elaborar o projeto e também nos ajudar na parte de execução (empreiteiro), podendo ser próprio arquiteto ou alguém que trabalhasse com ele.
Para nós este tema de Bioconstrução era relativamente novo, fizemos toda a pesquisa e desenvolvimento teórico naquele período.
O Christophe conhecia o ramo da construção, mas em alvenaria, e sabíamos o preço médio de uma construção, tinhamos um valor de referência.
Os arquitetos que encontrei na altura, não era nenhum aqui da zona Oeste, o que para nós se tonava inviável financeiramente.

Pensamos então em procurar um arquiteto de alvenaria que tivesse interesse em trabalhar com Bioconstrução.
Foi aí que encontramos o nosso arquiteto, na altura foi com o Christophe fazer um workshop de construção em terra e decidiu ajudar-nos a fazer o projeto de arquitetura da Casa Criana.

Foi um desafio para todos nós.

Próxima etapa: Elaboração do Projeto de Arquitetura da Casa Criana 




terça-feira, 21 de março de 2023

Processo da Bioconstrução A Casa Criana - Etapa seguinte: obter informações da viabilidade do projeto de construção


Após o levantamento topográfico do terreno então avançamos para a etapa seguinte.


Obter informações sobre a viabilidade de construção com materiais locais e sustentáveis (barro,madeira,palha) antes mesmo de avançar para o projeto de Arquitetura.
As possibilidades de construção podem variar de concelho para concelho.
No nosso caso o terreno pertence à Câmara Municipal de Torres Vedras.

A legalidade da Casa Criana era algo que nos preocupava pois não tinhamos conhecimento de nenhuma nova construção com estes métodos e aprovada.
Mas antes de marcar uma reunião com o arquiteto responsável da câmara, conseguimos através do site da mesma o edital de urbanização onde obtivemos algumas informações, e assim também podemos depois tirar as nossas duvidas durante a reunião.

Solicitamos a tal reunião com arquiteto da câmara, onde questionamos se seria possível construir como estávamos a idealizar, se havia alguma entrave na sua concretização.

Na reunião foi-nos dito que independentemente da natureza construtiva do edifício, todos estão sujeitos a licenciamento, devendo respeitar as normas legais e regulamentares aplicáveis a edificações, bem como os instrumentos de gestão territorial, isto é, desde que o projeto fosse realizado por um arquiteto e um engenheiro civil credenciados e que respeitassem as normas e regulamentos legais não havia qualquer imposição por parte da câmara municipal para uma construção de uma vivenda em terra.

Assim conseguimos poupar tempo e dinheiro, pois se não fosse possível a sua construção não avançariamos para a procura de um arquiteto nem para o investimento que implica um o projeto de construção.

segunda-feira, 13 de março de 2023

Processo da Bioconstrução A Casa Criana - Lavantamento Topográfico


Após a ideia de mudarmos de estilo de vida, da escolha do terreno e de toda a sua observação e estudo (posteriormente falarei das estratégias de escolha de um terreno aquando a sua aquisição), contrata-mos um topografo para fazer o levantamento topográfico do terreno.

O levantamento topográfico tem como principal objetivo representar graficamente em planta, todas as características do terreno, incluindo as curvas de nível, relevo, perfil longitudinal, cálculo da área, pontos cotados entre outros detalhes. Este levantamento é importante para qualquer projeto, pois um erro pode resultar numa falha de execução do mesmo.
Com essa informação, começamos o desenho permacultural do Projecto Criana, conseguindo assim passar para um papel todas as ideias que tínhamos em mente, naquele apartamento de 72m2, onde todo o projeto foi pensado e desenhado antes de passar para o terreno. Levantamento Topográfico do terreno






É um elemento essencial na elaboração e execução de qualquer projeto de construção, é imprescindível para o registo do terreno no cartório, para requerer licenciamento camarário, para a execução dos trabalhos terraplanagem ou remoção de terras, controlo e execução da obra, trabalhos de fiscalização, etc.

Em 2017, foi facultado ao arquiteto o levantamento topográfico, para que o mesmo desse seguimento ao projeto de construção da Casa  Criana. O grande desafio: Bioconstruir A Casa Criana 🏡



No final do ano de 2018, fizemos a nossa primeira ação de plantação de árvores na chamada zona 5 em Permacultura, a Floresta. Onde fizemos a marcação para as plantações através das curvas de nível, esse processo ajuda a conservar o solo contra erosões e contribui com o escoamento da água da chuva, fazendo com que ela se infiltre mais facilmente na terra e evite os deslizamentos. A criação da Floresta Criana
Desde então temos plantado e criado hortas a curva de nível.




Em 2019 utilizamos o levantamento topográfico para desenhar e criar as terraças com swell em curva de nível, o que fez com que conseguíssemos que muita agua que anteriormente vinha por gravidade parar à zona da casa, fosse infiltrada e consequentemente evitando a erosão do terreno.

O estudo topográfico representa apenas 5% a 7% dos gastos da fase de projeto. Comparado aos benefícios, esse valor torna-se irrisório.



domingo, 12 de março de 2023

Relato do parto da Isaura (II)

Eram perto das 4h da manhã quando chegámos ao hospital das Caldas da Rainha, devido a hora foi fácil estacionar.

Disse ao pai Christophe que iria andar desde o estacionamento até à entrada do hospital, mas recordo-me que as dores lombares já eram bem fortes e aquele caminho pareceu-me uma eternidade. 

Chegámos às urgências, demos logo entrada e subimos até a maternidade. Aquele corredor da sala de espera da maternidade que tão bem conhecemos estava vazio e silencioso. Não havia ninguém na triagem, toquei a campainha e nada, o tinha pedido ao pai Christophe para ir buscar um café ao fundo do corredor. Passado algum tempo, voltei a tocar a campainha, apareceu uma enfermeira, entramos para a triagem, era notório que já tinha iniciado o trabalho de parto.

Pouco tempo depois fui observada pelo médico da urgência, estava com três dedos de dilatação. Apenas três dedos e já estava há quase 9h com contrações, imaginei que iria ser um longo dia.

Fomos fazer um CTG as contratações já tinham espaçado mais um pouco, foi colocado o cateter e demos entrada para um "quarto". As enfermeiras foram muito atenciosas e preocupadas, perguntaram se tinha plano de parto e pediram-me, começaram a ler e conversamos sobre o que era possível ou não fazer (nada garante que possamos seguir o plano a risca). Por exemplo, era impossível fazer a monitorização portátil, para poder ser livre de movimentos, pois não tinham nenhum aparelho móvel de CTG. 

Já no "quarto" , cada vez que vinha uma contração, tentava ao máximo lembrar das respirações e executa-las.



Dancei, já tinha preparado uma play list de músicas, estive na bola de pilates fiz novamente meditações de preparação para o parto da Inês Nunes Pimentel e nem dei pelo dia nascer. O pai Christophe acabou por adormecer um pouco.



A enfermeira ia passando para saber se precisava de alguma coisa inclusive medicação para as dores. Há muito que já tinha decedido que queria (se fosse possível) um parto natural sem qualquer tipo de medicação, queria passar por essa experiência, por essa transformação (respeitando outras opiniões, até porque se passar por outra irei pedir epidural, só para sentir a diferença), por isso recusei sempre.

Por volta das 8h e pouco fui novamente observada pela nova equipa de enfermagem. Eu que tinha pensado em ir  para o hospital só quando tivesse com o parto mais evoluído, (para evitar que pudessem apressar, o que nunca aconteceu), mas o facto de ser a primeira gravidez e de estar a mais de meia hora da maternidade fez com que fosse cedo para lá, estava há 4h ali sem muito liberdade de movimentos, pois tinha que estar ligada ao aparelho de monitorização do bebé e minha e apenas estava com seis dedos de dilatação.

A enfermeira colocou-me a soro para me hidratar e trouxe-me um chupa chupa para me dar alguma energia, até há hora de almoço não me recordo do tempo passar apenas que nasceram três ou quatro crianças nessa manhã, o "quarto" tinha as paredes da espessura de um cortina.



As contratações aumentavam de intensidade e diminuía o intervalo entre elas, o Christophe ajudava-me ao fazer massagens na lombar, e nos exercícios de respiração. Pedi um saco de água quente e com a ajuda da bola experimentava posições que me deixasse mais confortável. Era 17h e pouco lembro-me de ter uma contração que nunca mais acabava, o Christophe chamou a enfermeira, ela perguntou se podia observar e assim que ela vai fazer o toque, arrebentaram as águas, foi um enorme alívio.



A partir dali pensei que faltasse pouco pois já estava com oito dedos de dilatação, a enfermeira deu-me um calipto para me dar energia, ajudou.

Algum tempo depois e com as contratações cada vez mais fortes, comecei a sentir aquela sensação de quando estamos prestes a desmaiar, a ouvir tudo muito ao longe e não sentia as contrações, mesmo quando no CTG ela estava bem presente. Estava a viver a partolândia (que já tinha lido sobre tal, no livro da enfermeira Carmen "Nascemos! E agora?"), era o meu corpo a dar-me analgésicos naturais e endógenos, nada mais, nada menos que um cocktail de endorfinas, hormonas associadas ao bem estar, e a ocitocina. Mas por vezes vinha uma contração que me lembrava que estava prestes a parir.

Não sei que horas eram, quando chamamos a enfermeira para me observar novamente, e quando ela nos disse que já via o cabelo do bebé, pensei estava perto de o conhecer.

Coloquei-me de lado para tentar ajudar o bebé a posicionar-se melhor para sair, mas não estava a conseguir, a enfermeira perguntou-me se queria ir até a sala de partos pois a posição e poder agarrar para fazer força poderia ajudar, disse que sim, já estava a ficar cansada de tantas horas. (Continua)

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Relato do parto da Isaura (I)

Já tínhamos passado o suposto dia do parto, 4 de Fevereiro (40 semanas), tenho que admitir que cada dia que passava a ansiedade aumentava, já não podia ouvir o telemóvel tocar, e perguntarem "Então ainda nada, já passou o tempo", partilhei com o Christophe essa ansiedade até porque deu comigo a chorar, haveria algo de errado para não ter sinais de parto?! Não, simplesmente o bebé ainda não estava pronto para nascer.

Era terça-feira dia 7, fui dar um passeio matinal como era habitual nos últimos tempos, enquanto o Christophe estava a reconstruir o telhado da tiny house, nesse passeio já senti mais dificuldade e dores lombares, mas nada demais.


Almoçamos e à tarde, deitei-me um pouco no sofá a descansar, enquanto fazia um brinquedo para o bebé em Amigurumi. A meio da tarde fui andar um pouco pelo terreno, havia algo em mim diferente dos outros dias, mas nada de grandes sinais.


Ao final da tarde, comecei a arrumar o ninho, até o pai Christophe comentou "Só falta arrancar pêlo" como muitas mães na Natureza fazem para receber a sua cria.

Por volta das 19:30 começaram as contrações, uma dor forte na lombar e que irradiava para a parte frontal, fomos jantar e recordo-me que enquanto jantava pensava que seria o última última refeição ali à mesa de grávida. Tudo o que fazia vinha esse pensamento.

Comecei a monitorizar às 21:39 quando fui deitar no sofá e vi que cada vez eram mais frequentes, estavam com cerca de 8min de intervalo. 

Era meia noite e pouco e o Christophe perguntou o que queria fazer, disse-lhe para ir descansar que ficava ali no sofá a lareira mais um pouco se fosse preciso iria acorda-lo. Por vezes as contrações aumentava os intervalos de tempo entre elas, estavam bastante irregulares.

Fui tirar a última foto de grávida em frente ao espelho e senti saudades daquela barriguinha.


Eram 3 e pouco da manhã e o intervalo entre elas diminuía, fui acordar o Christophe, até ao hospital das Caldas da Rainha ainda tínhamos cerca de 35min, foi a viagem mais longa que fiz até lá, mesmo aquela hora sem trânsito.

Ana 💚


 

Processo da Bioconstrução A Casa Criana - Como surgiu a ideia...



A ideia da Bioconstrução da Casa Criana surgiu no seguimento do projecto Criana.

O projecto Criana nasceu em 2016, da vontade minha e do Christophe mudar o nosso estilo de vida até então. Somos um jovem casal da década de 80 em que vivemos a era que deixou-se de pensar no ser para se pensar em ter, cada um tinha que ter mais ou tanto que o vizinho… Passamos a fase da crise dos anos 2008, em que afetou muitas famílias e a própria sociedade… Estávamos na fase em que o consumo de bens, desrespeito pelo outro, a ganância, a procura de sempre mais aumentou de uma forma exponencial.

Nós jovens adultos deparamos com um mundo em que o dinheiro vale mais que as pessoas, em que o respeito pela Natureza perdeu-se nos nossos bisavós, passamos de não ter nada (nossos avôs) a ter tudo, ou trabalhar arduamente para o ter (nossos pais), éramos uma sociedade com um futuro pouco risonho, engolida pelo consumo e sem olhar a meios para atingir os seus fins.

Em 2016, estávamos a morar um apartamento de familiares, na Praia da Areia Branca, ambos trabalhávamos, eu numa grande cadeia de Bricolage e o Christophe era temporário no sector da restauração, havia meses que conseguíamos fazer umas pequenas poupanças, mas no mês seguinte acontecia algo que lá se iam as poupanças. Fartos desta vida monótona, escrava e precária decidimos mudar de vida.



Nesse mesmo apartamento fomos pesquisando e lendo sobre um estilo de vida mais simples e ligado a Natureza.. O nosso primeiro livro sobre agricultura selvagem (Revolução de uma Palha) fez-nos ver a vida de outra forma, uma vida pura, na base da partilha, do respeito, em sintonia com a Natureza e toda a sua envolvente… Cuidarmos de nós, dos outros e da natureza enquanto escrevemos a nossa passagem por aqui… Começamos por criar um viveiro de plantas no apartamento, era tão gratificante germinar uma semente e acompanhar o seu desenvolvimento.



Daí surgiu a nossa vontade de fazer o nosso projeto de vida, muito foi pensado, desenhado, projetado num apartamento à beira mar…

Tínhamos como objetivo a criação de um projeto baseado na permacultura, agricultura natural, regenerativa, em que trabalhássemos a regeneração do solo, aproveitando os recursos locais para a Bioconstrução do que veria a ser hoje o nosso ninho, A Casa Criana.

Obtivemos um terreno numa pacata aldeia, Casal da Lage, pertencente à freguesia dos Campelos e Outeiro da Cabeça, inserida no município de Torres Vedras.

Terreno esse, maioritariamente argiloso e com cerca de 15% de inclinação, em tempos tinha tido vinha e algumas árvores de fruto, quando o adquirimos não tinha vida quase nenhuma, apenas sobraram algumas videiras, uma casinha de apoio.



Com esta nova visão do mundo que nos rodeia e a pensar no futuro, fazia todo o sentido utilizar na construção da Casa Criana, os recursos mais próximos possíveis, para que a pegada carbónica e os resíduos resultantes da construção fossem mínimos.

Então começamos a fazer toda uma pesquisa e estudo sobre a Bioconstrução, quais seriam as possibilidades e como poderíamos executa-las.

Não tem sido um processo nada fácil, mas tem sido muito gratificante.