terça-feira, 21 de março de 2023

Processo da Bioconstrução A Casa Criana - Etapa seguinte: obter informações da viabilidade do projeto de construção


Após o levantamento topográfico do terreno então avançamos para a etapa seguinte.


Obter informações sobre a viabilidade de construção com materiais locais e sustentáveis (barro,madeira,palha) antes mesmo de avançar para o projeto de Arquitetura.
As possibilidades de construção podem variar de concelho para concelho.
No nosso caso o terreno pertence à Câmara Municipal de Torres Vedras.

A legalidade da Casa Criana era algo que nos preocupava pois não tinhamos conhecimento de nenhuma nova construção com estes métodos e aprovada.
Mas antes de marcar uma reunião com o arquiteto responsável da câmara, conseguimos através do site da mesma o edital de urbanização onde obtivemos algumas informações, e assim também podemos depois tirar as nossas duvidas durante a reunião.

Solicitamos a tal reunião com arquiteto da câmara, onde questionamos se seria possível construir como estávamos a idealizar, se havia alguma entrave na sua concretização.

Na reunião foi-nos dito que independentemente da natureza construtiva do edifício, todos estão sujeitos a licenciamento, devendo respeitar as normas legais e regulamentares aplicáveis a edificações, bem como os instrumentos de gestão territorial, isto é, desde que o projeto fosse realizado por um arquiteto e um engenheiro civil credenciados e que respeitassem as normas e regulamentos legais não havia qualquer imposição por parte da câmara municipal para uma construção de uma vivenda em terra.

Assim conseguimos poupar tempo e dinheiro, pois se não fosse possível a sua construção não avançariamos para a procura de um arquiteto nem para o investimento que implica um o projeto de construção.

segunda-feira, 13 de março de 2023

Processo da Bioconstrução A Casa Criana - Lavantamento Topográfico


Após a ideia de mudarmos de estilo de vida, da escolha do terreno e de toda a sua observação e estudo (posteriormente falarei das estratégias de escolha de um terreno aquando a sua aquisição), contrata-mos um topografo para fazer o levantamento topográfico do terreno.

O levantamento topográfico tem como principal objetivo representar graficamente em planta, todas as características do terreno, incluindo as curvas de nível, relevo, perfil longitudinal, cálculo da área, pontos cotados entre outros detalhes. Este levantamento é importante para qualquer projeto, pois um erro pode resultar numa falha de execução do mesmo.
Com essa informação, começamos o desenho permacultural do Projecto Criana, conseguindo assim passar para um papel todas as ideias que tínhamos em mente, naquele apartamento de 72m2, onde todo o projeto foi pensado e desenhado antes de passar para o terreno. Levantamento Topográfico do terreno






É um elemento essencial na elaboração e execução de qualquer projeto de construção, é imprescindível para o registo do terreno no cartório, para requerer licenciamento camarário, para a execução dos trabalhos terraplanagem ou remoção de terras, controlo e execução da obra, trabalhos de fiscalização, etc.

Em 2017, foi facultado ao arquiteto o levantamento topográfico, para que o mesmo desse seguimento ao projeto de construção da Casa  Criana. O grande desafio: Bioconstruir A Casa Criana 🏡



No final do ano de 2018, fizemos a nossa primeira ação de plantação de árvores na chamada zona 5 em Permacultura, a Floresta. Onde fizemos a marcação para as plantações através das curvas de nível, esse processo ajuda a conservar o solo contra erosões e contribui com o escoamento da água da chuva, fazendo com que ela se infiltre mais facilmente na terra e evite os deslizamentos. A criação da Floresta Criana
Desde então temos plantado e criado hortas a curva de nível.




Em 2019 utilizamos o levantamento topográfico para desenhar e criar as terraças com swell em curva de nível, o que fez com que conseguíssemos que muita agua que anteriormente vinha por gravidade parar à zona da casa, fosse infiltrada e consequentemente evitando a erosão do terreno.

O estudo topográfico representa apenas 5% a 7% dos gastos da fase de projeto. Comparado aos benefícios, esse valor torna-se irrisório.



domingo, 12 de março de 2023

Relato do parto da Isaura (II)

Eram perto das 4h da manhã quando chegámos ao hospital das Caldas da Rainha, devido a hora foi fácil estacionar.

Disse ao pai Christophe que iria andar desde o estacionamento até à entrada do hospital, mas recordo-me que as dores lombares já eram bem fortes e aquele caminho pareceu-me uma eternidade. 

Chegámos às urgências, demos logo entrada e subimos até a maternidade. Aquele corredor da sala de espera da maternidade que tão bem conhecemos estava vazio e silencioso. Não havia ninguém na triagem, toquei a campainha e nada, o tinha pedido ao pai Christophe para ir buscar um café ao fundo do corredor. Passado algum tempo, voltei a tocar a campainha, apareceu uma enfermeira, entramos para a triagem, era notório que já tinha iniciado o trabalho de parto.

Pouco tempo depois fui observada pelo médico da urgência, estava com três dedos de dilatação. Apenas três dedos e já estava há quase 9h com contrações, imaginei que iria ser um longo dia.

Fomos fazer um CTG as contratações já tinham espaçado mais um pouco, foi colocado o cateter e demos entrada para um "quarto". As enfermeiras foram muito atenciosas e preocupadas, perguntaram se tinha plano de parto e pediram-me, começaram a ler e conversamos sobre o que era possível ou não fazer (nada garante que possamos seguir o plano a risca). Por exemplo, era impossível fazer a monitorização portátil, para poder ser livre de movimentos, pois não tinham nenhum aparelho móvel de CTG. 

Já no "quarto" , cada vez que vinha uma contração, tentava ao máximo lembrar das respirações e executa-las.



Dancei, já tinha preparado uma play list de músicas, estive na bola de pilates fiz novamente meditações de preparação para o parto da Inês Nunes Pimentel e nem dei pelo dia nascer. O pai Christophe acabou por adormecer um pouco.



A enfermeira ia passando para saber se precisava de alguma coisa inclusive medicação para as dores. Há muito que já tinha decedido que queria (se fosse possível) um parto natural sem qualquer tipo de medicação, queria passar por essa experiência, por essa transformação (respeitando outras opiniões, até porque se passar por outra irei pedir epidural, só para sentir a diferença), por isso recusei sempre.

Por volta das 8h e pouco fui novamente observada pela nova equipa de enfermagem. Eu que tinha pensado em ir  para o hospital só quando tivesse com o parto mais evoluído, (para evitar que pudessem apressar, o que nunca aconteceu), mas o facto de ser a primeira gravidez e de estar a mais de meia hora da maternidade fez com que fosse cedo para lá, estava há 4h ali sem muito liberdade de movimentos, pois tinha que estar ligada ao aparelho de monitorização do bebé e minha e apenas estava com seis dedos de dilatação.

A enfermeira colocou-me a soro para me hidratar e trouxe-me um chupa chupa para me dar alguma energia, até há hora de almoço não me recordo do tempo passar apenas que nasceram três ou quatro crianças nessa manhã, o "quarto" tinha as paredes da espessura de um cortina.



As contratações aumentavam de intensidade e diminuía o intervalo entre elas, o Christophe ajudava-me ao fazer massagens na lombar, e nos exercícios de respiração. Pedi um saco de água quente e com a ajuda da bola experimentava posições que me deixasse mais confortável. Era 17h e pouco lembro-me de ter uma contração que nunca mais acabava, o Christophe chamou a enfermeira, ela perguntou se podia observar e assim que ela vai fazer o toque, arrebentaram as águas, foi um enorme alívio.



A partir dali pensei que faltasse pouco pois já estava com oito dedos de dilatação, a enfermeira deu-me um calipto para me dar energia, ajudou.

Algum tempo depois e com as contratações cada vez mais fortes, comecei a sentir aquela sensação de quando estamos prestes a desmaiar, a ouvir tudo muito ao longe e não sentia as contrações, mesmo quando no CTG ela estava bem presente. Estava a viver a partolândia (que já tinha lido sobre tal, no livro da enfermeira Carmen "Nascemos! E agora?"), era o meu corpo a dar-me analgésicos naturais e endógenos, nada mais, nada menos que um cocktail de endorfinas, hormonas associadas ao bem estar, e a ocitocina. Mas por vezes vinha uma contração que me lembrava que estava prestes a parir.

Não sei que horas eram, quando chamamos a enfermeira para me observar novamente, e quando ela nos disse que já via o cabelo do bebé, pensei estava perto de o conhecer.

Coloquei-me de lado para tentar ajudar o bebé a posicionar-se melhor para sair, mas não estava a conseguir, a enfermeira perguntou-me se queria ir até a sala de partos pois a posição e poder agarrar para fazer força poderia ajudar, disse que sim, já estava a ficar cansada de tantas horas. (Continua)